Saturday 15 February 2020

A CAÇA ÀS BRUXAS (6)

«A LISTA DOS VERMELHOS»
«O CASAL ROSENBERG»


Em Junho de 1950, três ex-agentes do FBI e um produtor de televisão elaboraram uma lista com 151 nomes de escritores, realizadores e actores «vermelhos» - tudo nomes «novos», isto é: que não constavam das listas da Comissão de MacCarthy.

Essa lista foi elaborada a partir dos arquivos do FBI e de uma busca minuciosa no jornal Daily Worker, órgão do Partido Comunista dos EUA.

«A lista dos vermelhos» foi enviada a todos os directores de estúdios cinematográficos, os quais, de imediato, suspenderam os 151 acusados, «até serem ouvidos pela Comissão» - após o que, se convencessem a Comissão de que estavam inocentes, voltariam a ser readmitidos»... - «convencer a Comissão» significava «confessar o crime, mostrar arrependimento e denunciar outras pessoas»...

É nesse mesmo ano de 1950 que tem início um processo que viria a ter enorme impacto em todo o mundo, iniciado com a prisão do «casal Rosenberg», sob a acusação de fazerem espionagem a favor da União Soviética.
O julgamento - que durou 9 meses - constituiu uma autêntica farsa: tratava-se, afinal, de o tribunal corroborar a decisão de «culpados» previamente decidida pela polícia...
E o tribunal assim fez: em 29 de Março de 1951, Julius e Ethel Rosenberg foram condenados à morte.
A principal testemunha de acusação era um soldado: David Greenglass, irmão de Ethel Rosenberg...

Contra a condenação, ergueu-se em todo o mundo (e nos própiros EUA), uma imensa vaga de protestos, designadamente envolvendo personalidades como Einstein e Jean Cocteau, Frida Kahlo e Dashiel Hammett, Pablo Picasso e Fritz Lang, Brecht e o Papa Pio XII.

Mas a decisão de executar Julius e Ethel Rosenberg estava tomada desde há muito: desde antes, mesmo, de eles serem presos e acusados...
Nos meses que antecederam a execução, milhares de pessoas manifestaram-se em dezenas de países, contra aquilo que Jean Paul Sarte classificou como um «linchamento que mancha de sangue toda uma nação».
E horas antes do «linchamento», Picasso, no jornal do PCF - L'Humanité - apelava à acentuação dos protestos: «As horas contam, os minutos contam. Não deixemos ocorrer este crime contra a humanidade».

Em 19 de Junho de 1953, Julius Rosenberg e Ethel Rosenberg foram executados na cadeira eléctrica, na prisão de Sing Sing.
Até minutos antes da execução contiuaram a negar a acusação de espionagem.

Em 2001, David Greenglass, cujo depoiamento fora decisivo para a condenação da irmã e do cunhado, viria a confessar que mentiu no julgamento:
«Eles ameaçaram prender a minha mulher e os meus filhos se eu não colaborasse. E eu não podia sacrificar a minha mulher e os meus filhos pela minha irmã».
E acrescentou: «mas eu não sabia que eles iam ser condenados à morte»...