esse prado, esse chão de labareda, ou deserto, que importa, até mesmo um
oceano inteiro levantado em vagas crestadas até à espuma, são a brasa
com que marcamos na carne o valor do caminho e os obstáculos que nos
fazem crescer as asas que nos erguem por esses céus acima, por sobre a
muralha. da china ao outro lado do mundo. como um cavalo resfolegante e
aceso. ou uma nave a remos de milhões de escravos, onde cada um deles
somos nós carregados de vigor e suor com os braços a puxar e a empurrar a
madeira lascada ao batimento do músculo cardíaco obediente ao clamor do
bombo que também somos nós que tocamos.
o tom épico das linhas dos poemas é apenas o clímax da montanha, fica
após uma escalada trabalhosa e nem sempre entusiasmante e antes de uma
queda de fazer a gravidade entrar pelo corpo adentro e o sangue sair
pelo corpo afora. essa é a maravilha da dor e do amor, poder encerrar
num punho fechado e forçosamente vazio, todo o significado das coisas e
um pouco dos fluídos originários do universo.
VL