há maçãs
laranjas
clementinas
a bem da verdade, hesitei em escrever que também havia batatas. talvez
porque batata caia fora do leque das frutas e entre já no ramo dos
tubérculos ou então pelo simples facto de não ser tão bonito o nome
batata quanto é o nome de clementina. veja-se que não faltam mulheres
com o nome do segundo e não conheço nenhuma que dê pelo primeiro. seja
como for, também havia batata.
estas viagens vão vendo passar as estações do ano, que tanto espelham o
mondego como o perturbam ao expoente da agitação possível para um fetch
tão pequeno. desde a corrida laminar de moléculas deslizantes à torrente
que até os peixes leva, vem um ano sobre outro ano.
a livraria sempre assente na estante do vale lamenta ocupar apenas um
troço do itinerário. mas as lombadas litológicas dos livros são imagem
permanente e talvez até motivo para as recorrentes linhas. por esse rio
acima, também por esse rio abaixo, as estações correm e deixam-me sempre
a sensação de que a chuva sobre a água é como uma lavagem à alma.
Miguel Tiago