Sunday 18 December 2016

NOS RAMOS DOS SALGUEIROS


E como poderíamos nós cantar
com o pé estrangeiro sobre o peito,
abandonados os mortos pelas praças
na dura erva gelada,
o balido impotente das crianças,
o uivo negro da mãe que tropeçava contra o filho
crucificado no poste telegráfico?

Nos ramos dos salgueiros, como um voto,
também as nossas cítaras pendiam
levemente oscilando ao triste vento.


Salvatore Quasimodo