Thursday 1 December 2016
De ramo em ramo
O branco do linho ou dos muros
do sul,
o carmim matutino,
o claro azul mediterrâneo, o limão
húmido ainda,
o laranja, o verde das oliveiras
prateado, o amarelo exausto
de glória, o violeta adormecido
da flor que lhe dá nome,
o ocre do trigo ceifado
o negro quase
materno da terra lavrada,
é nos olhos que são ave
de ramo em ramo concertada.
Eugénio de Andrade