Tuesday, 12 May 2020
Ao alcance das mãos
Na minha vida há um espaço vazio
Tão cheio de ti
Na minha voz há um canto de luta
Que é feito pra ti
No meu poema há uma nota suspensa
Um acorde rasgado vibrando nas cordas
Despertas de sol e surpresa
Por ser já manhã e estares junto de mim
Meu amor
De ser sem saber
Irmão
Dos teus olhos parados nos meus
Tão molhados e firmes
Como estes teus dedos suados e finos
Que aperto tremendo entre as minhas mãos
Que não se pense que estou decidido
A mudar de canções
Estamos na mira das bocas famintas
Dos mesmos canhões
Que já aqui nos feriram
Mas que não matámos
E hoje só esperam uma sentinela
Que durma no posto de luta
E os deixe lançar-nos ao chão
Meu amor
De ser e ficar
Irmão
Dos teus olhos parados nos meus
Que vigiam a noite
Sorriem quando chega o dia
E vêem o futuro a chegar ao alcance das mãos
Há uma flauta chilena
Que grita em cada canção
Há um balanço de samba ferido
Em cada barracão
Há uma trompete
Um batuque africano de guerra
Uma luta tão velha
Que arde a impaciência de ver disparada
Esta arma invencível que temos na mão
Meu amor
De ser por dever
Irmão
Dos teus olhos parados nos meus
Que iluminam a noite
Amanhecem num grito de amor e de luta
Que voam fronteiras e rompem prisões
Dos teus olhos parados nos meus
Tão molhados e firmes
Como estes teus dedos suados e finos
Que aperto tremendo entre as minhas mãos
Dos teus olhos parados nos meus
Que vigiam a noite
Sorriem quando chega o dia
E vêem o futuro a chegar ao alcance das mãos.
Samuel
https://youtu.be/pTEvTgkZbFs