Música, música,
doce companheira,
teus olhos tão claros
parecem de espuma.
Teus cabelos caem
nos ombros da vida,
tuas mãos afagam
os rostos marcados.
Música, música,
ensina ao futuro
a dialogar
com homens e estrelas.
Sacode a inércia,
acorda os que dormem,
a hora chegou
de estar acordado.
Música, música,
talvez amanhã
os gestos dos homens
encontrem teus gestos.
O mundo é pequeno,
o amor é grande,
este desencontro
não pode durar.
Sidónio Muralha
(«Poemas de Abril» - 1974)