Na sala vazia sentaram-se os quatro.
E os quatro ficaram olhando, no fundo,
a mancha de luz do pequeno teatro.
- O dono do teatro - um vagabundo
que trouxera o teatro do outro lado do mundo -
por trás das cortinas puxava os cordéis...
Puxava os cordéis aos fantoches, fiéis
aos seus dedos infiéis de vagabundo.
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Dos quatro meninos, um deles voltou,
e, tanto viu, que decorou
as falinhas mansas e a maneira
invertebrada dos fantoches de feira.
De dois dos meninos ninguém mais falou,
(e o outro é poeta e ninguém lhe perdoa...)
mas do menino-fantoche como é bom falar!...
- porque o menino-fantoche é hoje a pessoa
mais importante do lugar.
Sidónio Muralha
(«Passagem de Nível» - 1942)