Se fores a Portugal, um dia, se
pisares aquele chão, diz-lhe que aguarde
o difícil retorno deste que
nunca pensou voltar assim tão tarde.
Mas houve temporais e lutas e
se a batalha foi ganha sem alarde,
nunca foi sem alarde a raiva de
um inimigo oculto, hostil, cobarde.
Atravessei os mares e os continentes,
conheci outras línguas, outras gentes,
mas a minha poesia é lá que vive.
É lá que sou poeta e na verdade
a minha volta é só formalidade.
- Voltar não voltarei. Sempre lá estive.
Sidónio Muralha
(«Que Saudades do Mar» 1971)