Se eu dissesse que o teu corpo moreno
tem o ritmo da cobra preta deslizando
mentia.
Mentia se comparasse o teu rosto fruto
ao das estátuas adormecidas das velhas civilizações de África
de olhos rasgados em sonhos de luar
e boca em segredos de amor.
Como a minha Ilha é o teu corpo mulato
tronco forte que dá
amorosamente ramos, folhas, flores e frutos
e há frutos na geografia do teu corpo.
Teu rosto de fruto
olhos oblíquos de safís
boca fresca de framboesa silvestre
és tu.
És tu minha Ilha e minha África
forte e desdenhosa dos que te falam à volta.
Francisco José Tenreiro