1
Eu sou daqueles que gritam
«morrer, sim, mas devagar!»
e fico
até ao fim da batalha...
Venham golpes sobre golpes!
Que eu morda o pó das derrotas...
Ficará sempre de pé
minha luta alevantada.
2
Crucifiquem-me nas cruzes dos calvários,
deitem-me chumbo nas veias,
façam-me a pele em tiras,
tirem-me os olhos com navalhas
e dêem-me a morte lenta
do maior dos suplícios...
A Morte não encontrará em mim
nem desespero nem mágoa:
HEROÍSMO É VIVER...
3
Eu mesmo sou o campo de batalha!
Frente a frente os dois irmãos inimigos:
um, o que me prende ao que ontem fui;
outro, o que será amanhã.
Minha alma está cavada de trincheiras!
Sempre o mesmo combate,
desde o início...
Joaquim Namorado