Por teu verbo em passes de mágica
eu te louvo
quando pões «o coração nas mãos»
ou entre
os dentes
«o coração na boca»
Por tua palavra gesto e fruto
que nos tempos dos tempos renovas
eu te louvo
não pelo gesto que és
mas pelo fruto que provas
Por tua faca e suas artes
por teu punho a romper do seio
eu te louvo
pão único que repartes
migalha cortada ao meio
Fome nenhuma fica impune
Teu gume é como golpe na água:
a lâmina que a retalha
é a mesma que a reúne.
Luís Veiga Leitão