Tuesday 18 April 2017

POEMA DE FINADOS


Amanhã que é dia dos mortos
vai ao cemitério. Vai
e procura entre as sepulturas
a sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas
ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
o filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
é a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.

Manuel Bandeira