Sunday 3 June 2018

Mulheres do Alentejo


Mulheres do Alentejo
Com papoilas nos olhos
São primaveras erguidas
Contra os bastões contra as balas
Oculto o rosto
Seus negros chapéus descidos
Frene ao sol
O claro choro nas mãos
Com bagos de amanhã.
São cor de terra
Cor de trabalho
Cor da habituação à dor.
Nossa Pátria do sofrimento
E do valor
Meu sinal de luz
Em toda a palavra que escrevo
Meu território do regresso e do futuro
Minha praia de secura
Percorrida pelo ódio e pelo pânico
Eis o ardente povo torturado
Esperança viva de um sonho feito carne
Mulheres searas fontes azinheiras
Nossa esperança, ainda em flor e fruto
No vermelho das feridas deste País de Abril

Urbano Tavares Rodrigues