A chuva cai na poeira como no poema
de Li Po. No sul
os dias têm olhos grandes
e redondos; no sul o trigo ondula,
as suas crinas dançam no vento,
são a bandeira
desfraldada da minha embarcação;
no sul a terra cheira a linho branco,
a pão na mesa,
o fulvo ardor da luz invade a água,
caindo na poeira, leve, acesa.
Como no poema.
Eugénio de Andrade
(«Branco no Branco» - 1984)