Thursday 24 December 2015

ARENGA ÀS ROSAS E AOS HOMENS


Rosas, crescei, robustecei-vos, multiplicai-vos
até invadir as caixas fortes em caudais
até impedir as metralhadoras,
até semear a luz e a Primavera,
sobre a pólvora e o ferro,
até ocupar o ódio e as entranhas
das bombas, dos obuses, das balas e morteiros.

Crescei, rosas, crescei. Aumentai sem tréguas!
Enchei os olhos dos carniceiros,
florescei os cérebros belicosos,
à gente podre corroei-a de esperança,
iluminai o cérebro dessas bestas
que se alimentam de ouro, sangue e lágrimas;
que são capazes de matar a vida
porque ela em nossas mãos brilha e palpita.

Árvores, águas, pássaros, pomares,
cereais, videiras, operários, mães, plantas,
óleos, músicas, máquinas, ideias,
vamos proclamar a resistência
do amor contra a guerra.

O ar está a ser semeado de suspeitas
para nos amargurarem a alegria,
para que nos matemos, tu e eu, irmão,
agora que as dores amadurecem e o sentido
vai revelar-se ao mundo.

Trabalhai
de costas para o medo. Abri os olhos,
rosas, homens, ao bem e à beleza.
Crescei! Cantai! A vida é nossa:
a terra é nossa e nosso é o futuro.

Trabalhos, pensamentos, esperanças,
vossas e nossas, rosas, homens.
Nós acendemos as estrelas
e trazemos o dia. Através de nós
a paz realizar-se-á.

Estamos em perigo, rosas, homens,
perfume, sol, matéria, inteligência,
morte, ciência, fé, pedra, perdão, Deus.
Afoguemos os bárbaros em luzes!
Avançai, rosas, homens! Ocupai o mundo!

Ramon de Garciasol