Tuesday 30 June 2015

Assim


Assim    com as palavras envolvidas
pela raiva dos potros    sangue novo
encurralado nas veias repartidas
pelas ruas    calado    a gritar povo

e ser uma cantiga    um tiro    um lenço
para as lágrimas doendo sobre o rosto
do meu país-abril onde me venço
varado pelas balas do desgosto

ou pela fome cuspida na poesia
aberta em cravo    angústia    ferramenta
com que o braço armado forja o dia
se a raiva do poema não aguenta.

Joaquim Pessoa