Thursday 1 August 2013

MAR DE PENICHE


1
Todos os dias
acordam
violadas
estas praias
que dizemos
virgens.

2
A chuva
esse suor
do mar
já não desfaz
a solidão dos homens
ou o piar dos corvos.

3
Mar de Peniche
onde os peixes se atiram
contra os barcos
e as grutas dos rochedos
nada acoitam.

4
As traineiras
juntaram-se a dormir.
Mas o mar não esquece
e grita
contra a fortaleza.

5
O mar
sorveu
todo este dia
exausto.
E o que fica
da praia
são estas pedras
lassas
transidas
pelo sono.

6
O que fica
das pedras
é este mar
de sono
que os homens
já submersos
sorvem
a curtos haustos.

7
O que fica
da noite
são os presos
exaustos
que as pedras
dissimulam
e o mar
absorveu.


Armando Silva Carvalho