Tenho a alma queimada
por saliva de sapo
Fingindo que descubro
tapo
A palavra me infecta
sob a pele da aparência
Deito o remédio certo
paciência
Neste mal não se vive
mas também ninguém morre
Quando a ave não voa
corre
Quem às estrelas não chega
pode vê-las da terra
Quem não tem voz de cantar
berra
José Saramago